Prólogo

Era exatamente meia-noite no povoado de Blackriver, mas as ruas estavam apinhadas de criaturas de todos os tipos e formas possíveis, cada um dos clãs anciãos tinha enviado um representante para a grande Noite da Criação, que definiria o destino das raças mágicas.
Os Midnight Wolfs, o clã ancião da raça dos lobisomens, tinham enviado Marcelus Dark Claws, seu guerreiro mais forte e habilidoso. Com corpo de um grande lobo cinzento, ele andava sobre as duas patas traseiras, tinha garras negras e carregava um grande machado de folha dupla, com um cabo de madeira terminando em uma ponta de prata.
As Mountain Fairy, o clã ancião da raça das fadas, enviaram Luna Silver Light, uma bela fada de corpo esguio, com cabelos curtos totalmente brancos, asas do mais brilhante prateado e dotada de todo o conhecimento sobre todas as magias, mas especializada nas que envolvem a energia lunar.
As Northern Witches, cã ancião da raça das feiticeiras, enviaram Scarlett Sweet Poison, uma feiticeira de longos cabelos ruivos que usava um vestido negro na altura dos tornozelos e um chapéu pontudo de cor púrpura e trazia consigo um gato negro e um morcego que voava acima de sua cabeça.
Os Depth Sea Dragons, o clã ancião dos dragões, enviaram Tantor Shiny Scales, um pequeno dragão, pouco maior que um touro adulto, que tinha em um tom escamas azul escuro e guelras por toda a extensão do longo pescoço. Tantor era um dragão das profundezas dos oceanos. ao invés de fogo ele expelia gelo, podia controlar a água ao seu redor e, assim como todos os dragões, ele era dotado de fala.
E por fim, Os Dark Forest Shapeshifters, o clã ancião da raça dos metamorfos, enviaram Joane Skin Changer, ninguém sabia sua aparência exata, mas ela costumava se transformar em uma pantera negra, de pelagem negra e brilhante, com patas enormes e garras afiadas. ela era uma criatura misteriosa, vivia sempre sozinha e raramente era vista.
Uma grande pedra redonda havia sido colocada no centro do vilarejo para a Grande Noite da Criação. sob ela, estavam dispostos cinco amuletos presas a um cordão.
Scarlett já havia se colocado em frente à pedra, como representante das Northern Witches e responsável por conjurar o feitiço que poderia dar às raças uma chance justa de lutar contra os humanos. ela teria que explicar aos outros como tudo seria feito.
–De antemão, quero deixar explicados à todos aqui que este feitiço nunca foi testado - falou Scarlett para a multidão de criaturas, que formavam um circulo ao redor do pátio central de Blackriver - pode ser que haja falhas e que tudo dê terrivelmente errado, mas, se, conseguirmos, iremos salvar todas as raças!
Um urro grutal foi ouvido em todo o vilarejo quando as centenas de criaturas rugiram em concordância.
– iremos colocar nossas almas, habilidades, memórias e tudo o que somos nesses amuletos, que serão espalhados ao redor do mundo, entregues à humanos e passados de geração em geração até que cheguem às mãos de crianças com o coração mágico, que sintam e entendam a magia. pode ser que isso aconteça agora ou daqui a mil anos - disse Scarlett agora dirigindo-se aos outros quatro escolhidos - Marcelus, Tantor, Luna e Joane: o feitiço é simples. vocês só precisam segurar o amuleto e repetir o que eu falar. eu serei a ultima, e Marcelus, você será o primeiro.
Marcelus caminhou em direção a Scarlett, ficando em frente ao amuleto que continha uma pedra negra, tão escura como a noite sem estrelas, segurou-a na pata direita e esperou que a bruxa lhe dissesse as palavras do feitiço.
–Marcelus, você irá dizer I, Marcelus Niger Unguibus, et noli ex nostra magis familia sacrificet spem meam, ut cognoscamus in futurum. - falou Scarlett - Enquanto segura com força o amuleto.
E assim foi. seguindo as instruções de Scarlett, Marcelus repetiu o ritual descrito por ela.
– I, Marcelus Niger Unguibus, et noli ex nostra magis familia sacrificet spem meam, ut cognoscamus in futurum. - falou Marcelus, apertando o amuleto em sua pata.
Assim que acabou de proferir a ultima palavra do feitiço, Marcelus sentiu um calor vindo de dentro de seu peito e um clarão surgiu, cegando a todos por alguns segundos e, quando o clarão se extinguiu, um amuleto de pedra negra - agora com uma pata de lobo entalhada em branco - repousava onde antes estava o membro mais forte dos Midnight Wolfs, mas esse amuleto se dissolveu em fumaça poucos instantes depois.
– Funcionou? - perguntou Tantor, alarmado.
– Claro que não. não sobrou nada ali - falou Luna, apontando para a grande pedra redonda, que agora só continha quatro amuletos.
– Calem a boca e deixem a Scar falar! - rugiu Joane.
Era estranho para Scarlett, ver Joane utilizar aquele apelido em público. Elas eram amigas há muito tempo - desde que Scarlett a salvara de uma emboscada dos humanos, mas ninguém sabia da amizade entre as duas mulheres pois Joana sempre fora reservada e Scarlett respeitava isso.
– Obrigada, Joane - agradeceu Scarlett - e o feitiço deu certo. O medalhão foi enviado para uma criança humana. Luna, você é a próxima.
Um estrondo foi ouvido. e casas explodiram por todo o vilarejo.
– São os humanos! - gritou alguém na multidão - Eles nos encontraram! Fujam!
– Não! - gritou Scarlett - Protejam os quatro restantes! Protejam os amuletos!
– Eu irei lutar! - berrou Tantor - Irei defender meu povo!
– Eu também! - rugiu Joane, seguindo para onde vinha o som da batalha.
– Praesidium! - gritou Scarrlett, e um escudo translúcido se formou em volta dos escolhidos. - Temos que termino isso! Luna, repita:I, Luna Arentum Lux, et noli ex nostra magis familia sacrificet spem meam, ut cognoscamus in futurum.
– I, Luna Arentum Lux, et noli ex nostra magis familia sacrificet spem meam, ut cognoscamus in futurum - disse Luna.
A mesma luz ofuscante cegou quem estava ao redor. Segundos depois, o amuleto que Luna segurara momentos antes de desaparecer repousava na mesa, agora com uma lua prateada gravada nele. Segundos depois, desapareceu em uma nuvem de fumaça branca: fora enviado para outra criança humana.
O ritual foi imitado por Tantor e Joane, que criaram o medalhão azul escuro com um floco de neve branco e o medalhão verde com uma pata de pantera negra.
Nesse momento, quando faltava apenas Scarlett para completar o ritual, a batalha finalmente explodiu no centro do vilarejo.
Humanos - armados de forcados, tochas, machados e todos os tipos de armas que puderam encontrar - atacaram as criaturas que, mesmo mais fortes e com mais poderes, nada puderam fazer ante ao grande número de humanos.
Scarlett, que estava assistindo a tudo horrorizada, nada podia fazer. Ela não podia arriscar, tinha que terminar aquilo, tinha que completar o ritual da Grande Noite da Criação.
– Eu vou voltar, juro que vou. - E, dizendo isso, Scarlett completou o ritual - I, Scarlett Blandum Venenum, et noli ex nostra magis familia sacrificet spem meam, ut cognoscamus in futurum.
Ela sumiu, deixando cair o último amuleto - roxo e agora entalhado com uma rosa vermelha com espinhos -, que sumiu logo em seguida, deixando um rastro de fumaça branca.
Deixando pra trás um rastro de esperança.

0 comentários:

Postar um comentário

Página inicial